quinta-feira, 27 de março de 2008

demência inócua

título com palavra bonita. coisa chique de quem gosta de escrever. com a abundância de vocábulos. afinal, ser como é não tem mais graça. e é assim que sinto várias vezes. como um blog egoísta que fala de si, mesmo quando não de si próprio. que tem ouvidos surdos aos que lêem. quando lêem. e se lêem. é bom ter um bom ouvidor. mas ouvir também é muito prazeroso. ainda mais com descompromisso de ouvir. acontece de ouvir. é bonito ouvir o mar quebrar na areia. a noite faz sol na lua. é ótimo esquecer do escuro. os adultos temos muito medo de escuro. as crianças brincamos de nos esconder. e a luz é banal à fantasia. no escuro as coisas não têm cor. e o valor é de quem escolher. olha o medo de tudo perder. adulto esquece como se brinca. quando brinca, é mais idiota que jatobá. onde já se viu, medo de ficar onde está? e fugir não é a saída. no momento de fuga, todo lugar é escape, e não lugar de estar. e é insuportável essa sensação de lesão nuclear. de fragmento insólito. de desorientação à esquerda. todo tipo de conceito embaralha com coringas. é de surtar o esquecimento. uma certeza tão estática fora da bolha, que dentro dela parece mais seguro. dá pra inventar coisas que furam e fazem jorrar.


é meia-noite na rússia. e ciganos correm do frio. uma lenda e um lenço na cabeça. o destino vinga afora. postura indígena para com a solidão. trabalho árduo pra mestre. cacique que promete morrer na hora do vento. quando soprar de fora pra dentro. sabem da impossibilidade de se tornarem um rio sábio. fluente. a repetição se faz até ensurdecer. mas é o limite. fora isso, não há. parece óbvio, então, que a estrada é o caminho. por não tão óbvio que seja. ação libertária de ilusão. sem drogas. somente o ópio do sentimento demente no coração. e é preciso expandir a partir disso pra esbarrar no mundo alheio.


cavaleiros-guerreiros de uma europa medieval. nômades das américas. povos anscestrais da índia. marajás sobre elefantes africanos. linguas arranhadas sob túnicas. desconhecidos universais. são tudo noção de vida. posso me permitir a conhecer cada uma. me desconhecer por completo em vigia de madrugadas. ao redor, tem muita natureza. tem montanha e tuberculose. tem manhã e marimbondo. tem água e veneno.


outono é de flor bege. borboletas são engaioladas em hemisfério. poeira tem espaço nos poros.
a leveza continua pura...


e a dúvida gira com medo.



a dificuldade tá imensa. de juntar idéias. de saber qual o quê.
inócua?



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Agora era hora;
pedra sobre aurora;
sob o chão,
quimera.


14/01/2008


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Entupido inflamável,
desejo a grandeza
do céu estampado
leve e esvoaçante
de uma tarde fria de hoje
enquanto lá é noite.
Sinto a previsão
de daqui a pouco
quando o vento pinica
assoprando as estrelas à mim
dilatando meus poros saturados
a fim de vaporizar sentimentos
e sementes...
afinal o que faço aqui,
se não servindo de pasto
de tapete de asfalto?


12/01/2008


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