sexta-feira, 19 de junho de 2009

e o caráter criativo

conhecimento é imaginação saturada.
não existe graça fora do mistério.

o que
é
parece
e
foi-se.


rótulo se apresenta em certidão. comunhão abençoa o encontro. e graças aos códigos, rompemos fronteiras de relação ao comunicar...



Quando nos codificamos, pretendemos nos fazer entender. Assim, parecendo simples, se realiza a comunicação. O que percebo atualmente, contudo, é o desinteresse pela (falta de) identidade do Outro por razões diversas, que vão da educação cultural aos adventos tecnológicos alicerçando a pós-modernidade. A Geração Matrix engatinha carregando pilhas, enquanto o sujeito de agora não acompanha tanto avanço, se oprime no que sente, busca o analista fervescente de angústia ao invés de andar pelas ruas. A capacidade de arte continua restrita, ainda que mais democrática, ardendo subversiva no sagrado intelecto. O resto come massa no prato principal.

Não compreendo como é que a individualidade fria, por ora ambígua, se realiza quando o comum grita banal em manchetes, esparramando-se em conversas de bar, mesas redondas, eventos familiares e etc. Por que as pessoas consomem tanta informação sucateada, quando deveriam se preocupar prioritariamente em produzi-las? Não é incrível presenciar experiências que ensinam vida? Ou ter uma estória a contar? Ou um conhecimento que nos leva a uma criação por refleti-lo? Enfim, interrogativas que se resumem a autodescobertas e que, portanto, não se bastam em explicação.

Parece que comunicar é raro somente aos que exercem tal função social, quando a prática antecede em milênios a profissão. O que nós, comunicólogos, podemos afirmar é teoricamente ter um maior domínio sobre o que são os signos, como, qual e por que (tentam) se comportar de tal maneira; mas de que adianta? Que repertório é esse explorado por nós, se não um achismo estatístico sobre o que se entende por vocábulos e imagens? Prefiro deixar que a ciência e a religião se embestem com suas verdades fajutas.

O desinteresse lingüístico para com as imagens, sons, sobretudo palavras, reside na falta de silêncio na interação, ou seja, na assimilação dos códigos – por que não pelos poros? A imaginação nos é livre, onde existem vísceras de desejos. Entretanto, a comunicação me parece um eixo fast-food de associação grosseira até curta, sem refutação com tempos. A educação de sensatez de mundo se restringe à realidade pesada de superética, na busca rasa por bom senso comum. Creio na importância do perceber sensível ao que nos convém no cotidiano, no pensamento enquanto produção de individualidade para a sociedade, e não tão somente para si, pois não há ciclo humano autotrófico.

Um rio brota de ressurgência num sítio onde silêncio cospe, análogo ao sapiens estando afeto, nu, e praticar-se é o ato máximo de criação que pode infinitar o diálogo. Não julgo poderes divinos sobre os homens, desloco apenas a capacidade interpretativa do óbvio à liberdade. Há uma certa preguiça medrosa em contestar e/ou aceitar a ignorância como elemento fundamental da descoberta – ao comunicarmos, rompemos a fronteira do desconhecido. Se a mera reprodução valesse, o Outro seria barulho espelhado. Lembremos, pois, que o Outro, distante de repetição, não tem cara, é resto de gente ou poeira sem coisa; daí a invenção.





sem desconstrução, o que resta?

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