terça-feira, 6 de julho de 2010

indiscussão

a negação. um espaço preto antes de branco. aquilo que preenche e depois releva.

um posicionamento radical exerce uma força maior pelo desconforto. como consequência, a própria rejeição. possivelmente aquela que de antemão não se acolha, mas que mergulha e revela.

nada de novidade na opinião alheia, um sim talvez não. o radical abomina o fim da discussão. ele perturba e rulmina indagação. sabe muito que em si não há verdade, mas masturbação. exige um contraponto pra pensar, vomitar e recolher migalhas de ar. sua própria negação consiste em fingir. como se a domínio de um nada houvesse um palanque circense propício ao desenvolvimento das coisas. vago assim a ponto de ser o artifício de maior verdade.

e o que seria de menor verdade? a vida como ela se propõe. o esgarçamento de malditos populares. neuroses múltiplas. dissipação de inícios homogêneos. berros de ensejos individuais. notórias diferenças abafadas em suas crenças. um pouco de tudo, que ao radical soa um tanto irrisório.

o não fere, duvida, dissipa, descamba, arremata, debocha, retalha - e consegue ser, indesejavelmente, a alegoria de uma ilusão. a existência incômoda e por isso mesmo existente. um mimo à beça.


revés de começo por princípio.




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Seja eu o homem
seja ela também
seja ela o homem da história
seja a história invertida
seja eu uma coisa ou outra.

Serás, de partida,
o avesso da vida.


janeiro/2007

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vou ser vida
devaneia
a temporal.
 

abril/2010



sábado, 3 de julho de 2010

contem plativo

debruça na janela
uma esperança
de liberdade
quando há céu
como se fosse
mais tarde que pudesse
antes mesmo
que voasse
interminável
mente.