sexta-feira, 21 de outubro de 2011

o difícil passeio paralítico

a gente cresce e pensa que amadurece, mas acaba que se enrasca e recorre ao santo espírito. 

o pior, visto isso, é quando acontece de enxergar que só depende de uma ou algumas atitudes para que um caminho novo transcorra. a mente precisa estar tranquila de nobreza para aceitar a humildade de ser incapaz. lembre sempre e porém que ninguém descobre o tamanho do sempre, tampouco da vida; as coisas nos enfrentam e afetam justamente porque sentimos que elas existem. não adianta negar, a coisa volta, às vezes revolta. igual palpite da vovó maroca sobre a novela. pode confiar.

pois bem, é preguiça ou medo que demarca o limiar do que pode ao que há?

não tem segredo, resta enfrentar. pode ser luta, ou não até. o importante necessário é querer e destemer o fracasso, pois se tiver que sê-lo, ainda assim, haverá que experimentá-lo. força como nunca suspeitou.

a vida não parece muito além de movimento, de vivenciar o que buscamos, largamos e descobrimos. não reagir é permanecer no estado de mortovivo. e esse pode ser o mais nocivo dos fracassos, a paralisia.



o medo maior
desconfigura
o sabor do sorvete
derretendo 
nos dentes pro coração.

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a imagem de uma ave
talvez seja
a mais bela e permanente das minhas idéias
até o pássaro me atacar
e eu perceber que ele pode
e me saboreia
enquanto me dói.


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http://soundcloud.com/danielbenflos/cl-ssica


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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

sensível demais pra ser verdade

uma coisa nova chega
como sempre
e ousa um pouco
até repetir

e aí ela me pede
depois me pode
mas esquece
que eu não quero
repetir

o frescor
só isso dá
tesão
de querer continuar

23/09/2011



*ou então por alberto caeiro:

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
 e ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.





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