quinta-feira, 28 de junho de 2012

derrubar

o poder sustenta tudo.
então não me venha com papinho
de imperialista água de côco
ou socialista de anarco morto.
vamos pensar em gente como o mundo
que domina
e traz a hierarquia desde o ínfimo segundo fecundo.
a lei independe onde tudo interdepende
e é necessário que a matéria exista
no tempo de sua duração.

mas então o espaço é afirmação.
e como se não houvesse outro jeito, nos forçamos ao esforço,
pois somos incapazes de agir respeitando as veias fluidas.
por que elas estruturam se nós reinventamos?
incapacidade de aceitar o mistério?
insistência de um sistema nervoso que não foi convidado?

seguimos rasurando os ditos de nós
sobre nós,
acreditando e não
na utopia e na humanidade
do que se constrói através e à margem da palavra.
é claro que há renovação,
no tempo de sua duração
e por afirmação.

onde for possível notar, nunca nos falta nada,
mas tudo poder
por pouco transformar.
 



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terça-feira, 19 de junho de 2012

brincar is no play

progride o processo que não está em jogo. o sangue escapa nessas valas de experiência na redundância dos gestos. circula no que o cotidiano consiste em acontecer. recortamos a gravura do momento e não podemos prever pralém da crença. o desconhecer se desmerece e o embate de não ser só resiste por querer. desmemorie-se do oriente e note se nada é meta, se meio descarrega ou se tudo ajeita. é preciso muita evolução pra conseguir se perceber fora de si sem querer se meter a ser. conectar-se ao devir sem a ilusão de compromete-lo ao peito do mais forte. há paixões que desencadeiam o fluxo desenfreado da pulsão, onde força não se basta em gente sem coisa. reflita como os bichos dominam os espaços e transitemos em comum. loucura faz parte do eixo.

existe sujeito naquilo enquanto diferença, amor no rompimento, e poesia quando descompassa. o capricho brota do galope desvairado da disputa, a conversa traiçoeira de mimetismos, invadida por entrelinhas, que se abarca com sutilezas. e adivinha, vence quem a conduz com destreza a ponto de se convencer do próprio disparate. e adivinha, perde quem se esforça demais para tal. a luta funciona como alegoria, distraindo a atenção dos mais fracos. e numa democracia a maioria é sempre mais a fraca, pois a minoria representa a resistência que é jamais o sim ou o não, mas o porém (aqui o ponto crucial do progresso). não se domina poder por puro valor, pois os interesses chovem incêndios em cima das trocas.

o céu engana todo de azul, a ideia emburrece o mito da aldeia, dominações idiossincráticas pifam o império da alienação e o que nos reverbera de alguma maneira já aconteceu.


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DOMINAÇÃO

antes era luta
hoje ainda é
jogo


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PATATI PATATÁ

estalou a maquete:
existe diferente
e mesmo diferente
resiste ou remete.


patatipatatá patatipatatá...


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quinta-feira, 14 de junho de 2012

outono outorgado


I

outono de segunda feira
faz manhã com as maritacas
pipocando o espaço
esverdeando o ar
das andorinhas
que reinam sozinhas e sempre
em bando
quando não vem urubu
rasante no desprezo
do silêncio

todas elas esticam o sol
com largas voltas
no horizonte
impressionando de céu
o azul


II

maritacas pipocam a tarde
também
num céu para carneiros
signos de Bahia

a revanche dos povos
extraterrenos
contracenam com o ballet
sem sonata
dos xavantes de metal

sobrevoam o outeiro
da glória
do outono ao carnaval
com intermináveis comunhões de parcimônia
ao desejo primário
de respirar além do sonho
brasileiro

fertilizar natureza para semear mentes

e as nuvens não explicam os
pássaros
graças ao mito
simbolizam espaços.



outono impressionado

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

jumingo

era um dia doce com tomate
tinha gosto de relva
derretida
Cléo partiu a metade
pro futuro

as malas ficaram para trás
desceram o valão do céu
não tinham tanto valor
quanto o jabuti debaixo do braço



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poema inacabado como domingo.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

maturar

com a boca no dente
a ideia louca
aparente
repercute morna
incendeia
se transforma
e desconsola
se agride
a gamboa da elite
do saber

desconsidere a fonte
e trate de transfazer
o relevo contravenção
atravessar os dedos
sem medo do jogo
feder antes
que se remonte em asas