quinta-feira, 4 de outubro de 2007

enfim, inicio...

podemos imaginar qualquer coisa.
sem inicio, sem fim e sem meio.


- tão bobo isso...
- não acho.

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...o velho cachimbo

grudado nos lábios do senhor,
um antigo contador de história.
Espia o desenho livre da fumaça
extraída do velho oco de madeira,
compete com um incenso
corroído pela metade,
repousado no canto da janela
para espantar tais insetos,
pequenos mosquitos que sobrevivem
em pouco tempo de vida, aniquilados.
Dedos amolecidos,
unhas falecidas...

eis que coça sua barba branca,
lento, arrasta alguns passos,
uma baforada opaca,
e calmo estaciona assentado,
perante ao paisagístico Nada.
O Nada monocromático que o emociona,
faz-se, pois, necessário olhá-lo sem pudor,
romântico, descrente de um tempo iminente,
prestes a mudar de cor
e de semântica...

esfria com seu balanço firme,
estica as mangas de seu casaco,
apoia seu braço na cadeira,
morno, com sono,
dorme...

13/09/2006
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Um comentário:

Anônimo disse...

já dizia em uma de suas músicas, o menestrel Caetano Veloso: "...o homem velho deixa a vida e morte para tráz, para traz..."