terça-feira, 4 de dezembro de 2007

debruçado

...a janela é um fragmento no concreto para se observar a paisagem. a minha janela é minha janela do meu quarto.

e ela tem uma vista dela.
e toda vez que eu vou até ela, sóbrio ou não, vejo e percebo as coisas em volta.
e ela vê o tempo todo.
e as janelas todas vêem.
e eu senti necessidade de fazer essa poesia pra ela:


É azul a minha janela,
é também serelepe
e musical...
e agora voa.
Borra-se em cinza esverdeado,
até vejo escorrer pólen...
aos poucos, colore-se em várias
vermelhas, brancas, amarelas,
cor-de-mel consistente.
Zumbido vibrante ecoa
e é possível escutar
os estalos suaves de outono
promovidos por gotas densas,
feito cristais transparentes.
Agora, é essa a cor dela,
janela preta cor-da-noite.
A luz fria da brisa cautelosa
descolore o inverno primaveril
com acalantos.
E de concreta é feita
com granitos e resíduos,
é momentâneamente minha
mas certamente é viva
e se deixa ser para deixar-se espiar
o segredo da natureza
(fragmento de saber espontâneo).
Ela pousa de volta
e nela me debruço
em laranja veraneio
atônito com o tom errôneo,
mas tão feliz...

02/12/2007

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você vê da janela o que você vê?
o quê?

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

somente o que buscamos

o ser-humano é ultrasaciado por ser insaciável.

por isso a mente goza ...

e goza.

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Se catarse esgarçasse,
arrebentaria
por falta de espaço no exagero,
ao acaso.


11/12/2006

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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

despessoa


Há um consenso comum entorno de um pensamento sobre o “ser” como o ego indivisível, e propor uma mudança de auto-existência parece absurdo. É como se o fato de o rótulo que os pais deram e certificaram em documento quando nascido definisse o que a pessoa virá a ser. É claro que muitos percebem as ditas “fases da vida” em que se está mais eufórico, com projetos, ou mais perceptivos, estudioso, ou mais melancólico, sem muita perspectiva; mas isso também é criado pelo senso comum, uma pessoa normal deve passar por tais fases. O que está em questão não são as fases comportamentais momentâneas, mas a possibilidade de desconstrução e reconstrução profunda de si, já que a mente humana é fantasiosa e mágica, uma vez que ela consegue imaginar tudo o que há e deseja tudo o que não há. A ordem da mente humana é similar à da natureza, é caótica, construtiva e destrutiva. Já a ordem do mundo, criada por essa mente e guiada pelos homens que as acompanham, é feita através de uma linguagem em comum, o que pressupõe uma limitação de entendimento, sendo esta aceita culturalmente, oriunda de uma interpretação. Da mesma forma se dá o autoconhecimento das pessoas ao longo da vida, de suas próprias culturas, educação e absorção. Há uma grande necessidade de algo que possa guiar o entendimento das coisas; está certo, a linguagem é fantástica por conseguir alcançar de alguma forma o saber das coisas, ms ela de fato não é o saber, é uma interpretação do mesmo; o saber é visceral e incontrolável.


Quando Fernando Pessoa afirma: “o mundo sou eu”, se expande ao seu nível máximo de existência do ser, pois admite qualquer possibilidade de personalidade, de situação mundana ou não. Ele sabe que a limitação é uma questão de controle de si mesmo, de saber o que está sendo agora, o que acontece ao redor, sendo que todo esse conhecimento é vago e superficial, à medida que tem consciência de sua restrição humana. Sendo assim, sentiu-se na necessidade de assumir vários heterônimos devido a sua inquietação catártica e conseqüente desconstrução da própria personalidade.


Talvez, Fernando Pessoa tenha sido o melhor (não o único) exemplo existente em vida de que a feroz busca pela ilimitação da mente como aplicação de real seja bastante potente em níveis de criação (e/ou destruição), ou seja, de transcendência. O problema é que a linguagem binária prevalece no entendimento comum da sociedade, sendo assim, a limitação pendular acaba sendo a formadora das mentes ditas pessoas humanas.


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EU-GOÍSTA

sou um alienado porque quero,
um tarado pelo que venero
um egoísta com o meu eu,
uma estátua no colizeu.
Não acredito no véu
da noiva em lua-de-mel,
nem nas juras mais puras
feitas quando se declara uma puta comprometida.
Não gosto de ouvir contar mentiras,
gosto de pensar que estou sendo ouvido.
Sei que esse meu mundo é curto,
nele, só eu acredito,
só eu vivo;
um mito.

Já sinto pena
do eu
desta cena.


26/07/2006

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Não basta estar no meio,
tem de saber o que ele é
e, por meio dele, sê-lo.


29/08/2007


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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

nostalgia inversa

tenho tido saudade daquilo que ainda não vivi. volto um pouco ao passado e me canso rápido. desgaste na relação. quero algo novo. faço algo novo.


e logo tenho saudade.


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Se é por castigo,
me intrigo ao respirar pelas ventas,
indeciso de tanto mastigar.
Mastigo sim,
mastigo o vento,
que sobe e borbulha,
borbulha em bolhas de ar,
e ainda assim eu tento,
mas não cabe,
eu não consigo exprimir
o meu vazio.

Crio, então, idéias,
idéias tias, primas, sobrinhas,
parentes de meu penar;
o sangue quente,
ainda em bolhas de ar,
fermenta o que é doce.

Antes fosse
esse
o gosto da saudade.

23/12/2006


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domingo, 21 de outubro de 2007

blábláblá

é isso aí.
nada não.
nada sim é do manoel de barros.



quem não sabe o que é seca da água sempre provou.


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Enfim começo
pois-então
como meço o fim?


25/10/2006

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terça-feira, 9 de outubro de 2007

falando em deus... o diabo aparece.


criação divina.
é criação da mente humana. logo, homem é deus. e deus não é nada. homem não é nada, então.

uau, que paradoxal. que lógico. que antropocêntrico altruísta.

é bem fácil ver deus. e o diabo também. é a mesma pessoa, às vezes. estão espalhados por aí. uma grande quantidade. se o mundo é do homem e homem é de deus, mundo é de deus. e deus é o homem. o homem é o mundo. cada homem é o mundo. cada homem, além de ser o mundo, cria seus mundos. e tenta conectá-los. destrui-los. é fantástico por ser genial e avassalador.


mas é desumano...
e eu sofro de existência inesperada.



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Oh, Anfitrião Sublime,

Após esse enxame de insetos
decerto não quererás voltar
para contar
esta história da besta
ou de eclipse lunar.
Não mais guiarás as ovelhas
e teu pasto será divdido
como foi e será;

mas não haverá a guerra pelo senhor,
não haverá mente de doutor,
dr. sabe-tudo que rege mandamentos
em troca de sofrimentos de milênios.

Onde estás, oh luz?

Na caverna de Osama
ou eternamente na cruz?
Como uma praga,
estás em toda parte
e, por isso, os insetos
e, por isso, desafeto.

Meu coração é grande,
mas não te faz caber.
Nos deixe em paz,
lembre-te que já foi
e agora jaz.


08/10/2007

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ATEU

Clamo o que desejo,
enquanto Ele,
lá de cima,
me vigia
pastando no brejo.

Se eu digo que não ligo
é porque só quero saber do meu umbigo,
se eu aceito sorridente
é porque eu sou crente,
prefiro, então, fingir que nem existe,
quem sabe assim,
de mim,
ele desiste?!


10/08/2006

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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

enfim, inicio...

podemos imaginar qualquer coisa.
sem inicio, sem fim e sem meio.


- tão bobo isso...
- não acho.

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...o velho cachimbo

grudado nos lábios do senhor,
um antigo contador de história.
Espia o desenho livre da fumaça
extraída do velho oco de madeira,
compete com um incenso
corroído pela metade,
repousado no canto da janela
para espantar tais insetos,
pequenos mosquitos que sobrevivem
em pouco tempo de vida, aniquilados.
Dedos amolecidos,
unhas falecidas...

eis que coça sua barba branca,
lento, arrasta alguns passos,
uma baforada opaca,
e calmo estaciona assentado,
perante ao paisagístico Nada.
O Nada monocromático que o emociona,
faz-se, pois, necessário olhá-lo sem pudor,
romântico, descrente de um tempo iminente,
prestes a mudar de cor
e de semântica...

esfria com seu balanço firme,
estica as mangas de seu casaco,
apoia seu braço na cadeira,
morno, com sono,
dorme...

13/09/2006
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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

festa na floresta

cuidemos da natureza. mas ela não cuida de nós. e quem disse que a lógica é essa?. ela segue. nós também. mas só enquanto ela seguir. então, para sobrevivermos, vamos cuidar dela. senão, morreremos afogados. queimados. isso. cuidemos da natureza por puro egoísmo. e discutamos sobre o meio ambiente. sejamos politicamente corretos. sejamos hipócritas. ridículos.

só agora a grande massa de acefálicos está começando a se dar conta da própria existência. o medo das pessoas, no geral, não é com o fim da natureza. mas com a consequência grave que isso tem para elas próprias. que egoísmo bonitinho. pelo menos assim dá pra cuidar daquilo que vos compõe.

história. nascemos. e sabemos que estamos vivos. e é só. o que já é muito. precisamos, então, de criar algo para sobreviver. técnica. senão morremos. e aí se vai. um mundo todo próprio. um mundo sobre a natureza. expansivo. a realidade é tão original que se parece com a própria natureza.
a ciência avança. avança. e avança. e o homem é primata. seus sentimentos. sua forma de se agrupar no meio. de conviver. homem é bicho.


...mas, de repente, o homem foi criação da evolução na natureza para tentar contê-la. e aí, a gente pode ficar numa boa. sem culpa de tê-la destruído.



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SOBRE HOMENS E NATUREZA - PARTE I

A natureza se comunica com a alma dos seres racionais,
razão esta tão incapaz de decifrar tais sinais.
Desarmonia em ebulição via concreto:
certo de que irá ser discreto de preto no meio da paisagem noturna,
por acaso, inocente, mostra os dentes amarelados.
Um jeito singelo de afirmar sua ignorância para com a grandiosa.

31/12/2006
(em São Pedro da Aldeia)

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SOBRE HOMENS E NATUREZA - PARTE II

Curiosa essa minha percepção tão falada enaltecidamente...
deveria ser natural como está sendo agora.
O natural encanta porque não é preciso fazer nada,
uma vez que ele simplesmente é e, por ser, faz.
Ele e Ela estão em harmonia feito uma escala de Dó maior - não há acidentes -
Ela é mãe, pois dela é que nascem as coisas, sejam lá que coisas,
mas Ela não é fraternal.
Na senhora natureza - Ela - os intervalos dissonantes são implantados,
com isso criam-se novas escalas harmônicas.
Logo o homem - Ele -, o ser transcendente e viril,
como pôde se deixar desafinar?

06/01/2007

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sábado, 22 de setembro de 2007

a um amigo

imagem: renan barbosa



a vida é o melhor exemplo de anarquia.


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Escrevo a um amigo que de tudo entende
e nada gosta de escrever
explicar é redundante
ora confuso,
por vez espontâneo...
faz o que quer pela vida,
menos quando não pode,
mas quer e aprende,
sagaz, sufoca...
e quando decide não viver?
sorri demais,
fala o que pensa sem se preocupar em articular,
vai além, ultrapassa a dor, passa vitória,
desentende o mundo
e expurga o que lhe consome -
um ser cheio de verbos; imperativo.

Regresso a um mero papel para dizer
que você está inexistentemente correto
pois vive em completa anarquia,
como prevê sua vida,
como todas quaisquer.

12/03/2007

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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

ler ou não ler

pelo visto é isso. blog presta pra desabafar. tanta gente visita. ou ninguém. não falam nada. melhor que assim seja, se não for natural, espopntâneo. sempre com os dois lados da moeda. também é chato publicar textos e não ter retorno das discussões propostas. as expectativas diminuem. por isso deve ser algo livre. descompromissado. sobretudo, textos curtos. dá menos preguiça de ler. o fotolog costuma ter maior receptividade. mexe com fotos. textos diretos. eu tenho preguiça de ler coisas grandes. não tenho uma cultura de livros. nunca fui a obrigado a ler nada. na escola mesmo obrigavam. mas eu fugia. eu adoro escrever. preciso escrever. mas não me obriguem a ler nada. curioso mas foda-se. disse isso pra dizer que compreendo claramente quem visita e nem lê. ou lê só o início. o jornal costuma ser assim. bem direto. tudo está na manchete e no subtítulo. ler o resto é uma questão de curiosidade e paciência. mas educa-se bem assim. pois diz-se que é necessário ler o jornal. é mais acessível. muitos lêem. mas pode ser uma péssima educação. são as mesmas palavras. texto completamente formatado. previsível. muitos falaciosos. conhecimento limitado. interesses políticos. e um bom livro é fantasioso. é conhecimento fantástico. é uma viagem a algum lugar existentemente obscuro. tanta gente foi à europa. aos estados unidos. mas nunca parou realmente para ler um livro. eu já o fiz. mas fiz pouquíssimas vezes. prefiro poesias. me incluo na minha própria crítica. o livro te permite a viajar por dentro da própria mente. a história é a mesma. mas as fantasias variam de acordo com as pessoas. é aí que a arte literária se renova. na viagem de cada um. a arte é assim pra mim. fantasiosa. tão clara quanto a ciência. ciência e arte são verdades movidas pela probabilidade. mas a arte pode ser uma verdade efetiva. a ciência tenta. diz que consegue. mas é difícil dar 100% de certeza de suas descobertas. ler é viver. é conhecimento. mas não é essêncial. viver e experimentar a vida é a maior escola da sabedoria.




saia do computador e vá andar pela rua.


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DUELO

Licença poética
se faz sem pedir licença,
entre o gramático e o poeta
que o melhor vença.

29/01/2007
(em San Marcos - Califórnia)

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Eu poderia comprar um carro usado
e alugá-lo para poder pagá-lo,
mas o meu maior regalo é a vida;
é o único ainda.

E para comprar a vida
me alugo de coisas,
me possuo de bens.

Ainda bem que não vivi.

17/07/2007

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

dinheiro vale dinheiro

ociosoanônimoautorizado precisa de dinheiro. precisa porque o fizeram precisar. por ele, nem precisava precisar. dinheiro vicia porque você precisa ter sempre. então você o quer sempre. não dá pra comer dinheiro. não dá pra beber dinheiro. dinheiro te fode e te bebe. dinheiro em si não é nada. dinheiro mata. dinheiro salva. dinheiro alimenta. dinheiro é papel. não precisar de dinheiro é precisar de não precisar de dinheiro. dinheiro fica bonito na carteira. dinheiro cora. corrói. planta na pele. a pele absorve. o gene decodifica. mijo notas de dinheiro. suo centavos de dinheiro. gozo o décimo terceiro dinheiro do ano todo.


o blog é um pré-livro. talvez um livro virtual. mais espontâneo e dinâmico. talvez menos fantasioso. mais cotidiano. disso não preciso de dinheiro. precisei antes pra chegar e ficar até não precisar de dinheiro. eu preciso de dinheiro pro livro.

o dinheiro é consequência. não deve ser causa. mas em prol da causa - que é arranjar dinheiro - a consequência é inevitavelmente dinheiro. dinheiro gera dinheiro. dinheiro vale dinheiro. dinheiro é o inicio o fim e o meio.

tempo não é dinheiro. diria binário. ociosoanônimoautorizado concorda e justifica. quando se aproveita o tempo, o faz produtivo, não se ganha dinheiro. quando se gasta o tempo pelo dinheiro aí sim o dinheiro é vivo. dinheiro te consome no meio pra ser consumido no fim. o tempo passa e não volta. dinheiro vai e vem. é promíscuo. mas encanta. é bonito. muda o sujeito de lugar. outro sujeito nasce. dinheiro é evolução ciclicamente involuída.

mas andei pensando sem precisar mas precisando precisar. eu não quero dinheiro. você quer o meu dinheiro?. já não basta o seu dinheiro e a falta do meu?. você já me ignora no meio da rua. você não vai me dar do seu e nem ajudar a eu ficar com o meu. eu não quero porque não tenho pra querer ter. a gente só quer aquilo que já temos. só quer cultivar. quer-se tudo por tudo. uma troca intensa sem lentidão. mais perto da velocidade-da-luz.



eu não quero dinheiro, m...
...mas tens aí um pra arranjar?


...vai dizer que não tens? que não queres? ou queres só para não querê-lo? precisas?








índio é rico...


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O fuso é outro
dinheiro é ouro
vá ao Texas
enlace o touro
e volte rico
da terra de Malboro.

29/01/2007
em San Marcos - California.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

o outro e eu

como havia dito, coletividade é um dos pensamentos corriqueiros em minha caixola incessante. pois é, andei me deparando com situações intrigantes. eu pensando nisso e coisas sobre isso acontecem. eu disse das idéias no ar, né?. redundante.

resumidamente, pra mim, coletividade é o respeito mútuo das individualidades.


hoje eu estava andando de bicicleta pela ciclovia da lagoa rodrigo de freitas em direção à ipanema. pegar meu violão da revisão. um compromisso que jamais poderia atrasar. no caminho, um rapaz bem aparentado me abordou, pedindo que, por favor, eu pegasse seu cartão do banco que havia caído num canteiro à beira da lagoa. pediu-me que o fizesse já que ele estava de calça e eu de bermuda. moro no rio de janeiro e to bem. e to vivo. isso também porque aprendo todos os dias a me virar com a violência. não sabia o que fazer, se ajudava, ou não. podia ser um daqueles golpes magistrais que ainda não foi parar na minha caixa de e-mails. ainda. não gostaria de ser estatística. logo, inventei. "desculpe, mas estou com pressa". foi uma ação rápida e defensiva. fiquei pensando nisso o resto do dia. na minha ação quase impulsiva. se fui babaca, ou não. e ainda não descobri, pois não sei que fim teve o bem-aparentado-rapaz-suspeito. um anônimonãoautorizado.


ontem. estava apressado para um compromisso. passei pela praça em frente ao meu lar. encontrei um amigo pedindo ajuda. disse que passava por ali e um caso pitoresco ocorreu. uma moça foi jogar uma pedra para que seu cão a buscasse, como um belo companheiro faz. só que a infeliz acertou a cabeça de um rapaz. acho que era um desses que passa parte do dia na praça. de identidade despercebida. e eu?. sugeri que fosse ao boteco para pegar gelo e, caso precisasse, levasse ao hospital miguel couto. mas eu estava apressado. um compromisso seríssimo. inadiável. é. bem. nem tanto. mas vi que já tinham muitos ajudando. e achei que fiz o suficiente em dar a dica. e me fui. um bosta.


situações bestas, talvez. mas bastante maiêuticas. sou um porco individualista?. passo o dia tentando perceber ao meu redor. não pretendo ser gandhi. deus me livre ser jesus cristo. e quando a minha própria percepção me ataca em forma de ação, sou individualista. defensivo. afinal sou produto de uma sociedade assim. e a indago. e a critico. e projeto soluções (,ou não). e sou ela. ora pois. mas ora pois. esse pensamento deveria caber se fosse algo digamos "anti-filantrópico". se fosse um mendigo pedindo ajuda, talvez justificasse minha culpa. mas um almofadinha atrás do cartão de banco?. sentir culpa?. claro. esse é o erro. achar que só se deve ajudar aos teoricamente necessitados. individualidade e coletividade abrangem todo o entorno.


há poucos dias, eu disse a um amigo "perceba mais à sua volta". e só isso. sem explicar. achei que era necessário fazê-lo. ele é uma boa pessoa. inteligente (de verdade). mas acho que tem pouca sabedoria. percebe pouco o que o circula. e eu?. nossa. o dono da verdade.


só fiquei mais tranquilo, porque descobri que karl marx, o criador do socialismo científico - a quem tenho certa admiração pelo que fez-, era, sobretudo, um homem do seu tempo, com nada mais que boa percepção de mundo e inteligência. (sem ironias). mas espancava a sua mulher...



obrigado sócrates e marx.
e papai e mamãe.


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Estou hospedado num hotel de luxo
me secando com inúmeras toalhas
te invejando, te culpando,
para livrar-me de meus vícios.
Eu não tenho cura,
não para esse eu de hoje.

Ostentação não tem cura -
sentirei um sentimento apenas e serei salvo.


17/07/2007

terça-feira, 11 de setembro de 2007

no ar

eu tava pensando hoje. ontem. amanhã também.
clichê demais isso. só que não é isso. eu tava pensando em coisas como:
coletividade. subjetividade. espelho. conhecimento. sabedoria. cerveja. maconha. tráfico de drogas. tropa de elite. viagem. arte. não nessa ordem, eu acho.
e tudo está ligado ao que vivo; observo; ouço; vejo; como; recebo aleatoriamente; invejo; saboreio; blablabla.


engraçado como as idéias estão no ar. por que penso essas coisas. em alguns momentos evoco a discussão entre amigos. mas vem alguém um dia do nada na aula e tenta me ensinar isso tudo. eu não fico ofendido. mas me sinto meio arrogante ao pensar: já pensei sobre isso. acho que tenho descoberto isso. de tanto que penso acoplado ao meu observar, acabo aprendendo "sozinho". mas não aprendo muitas vezes. começo a entrar em complexo de paradigmas. e a aula tenta me ajuda a colocar as coisas em lugares definidos. é assim que a sociedade é. de tão confusa e sufocante acaba se definindo. e eu não sou diferente. não sei o que posso me afirmar ser. eu faço. e pronto. sou sociedade?

sou o que é; ou não.

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Quando a cabeça está vazia,
é difícil pensar;
ela pensa sozinha.


Abril/2007
(em Cabo Frio)

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

carta

Faz tempo que não escrevo uma carta,
mas também ninguém nunca reclamou.
Será que alguém realmente se importa?
Não vou dizer que é um trauma,
minha letra nunca foi muito torta,
meio rabiscada, talvez.
Costumava escrever para amigas,
amigos já me ocorreu,
pedi desculpas,
coisas que nem lembro ao certo,
algo que morreu...
esse sentimento com o papel,
de apalpar e ler a hora que quiser,
mesmo sem entender
ou sem ter o mesmo significado.
Poupe-me dessa conversa de que o virtual é mais prático,
por acaso, você se lembra do maldito propanóico?
Ah, era tão mais lógico na época do colégio,
o tempo não me fazia rico,
não tinha essa de estágio,
podia gastá-lo escrevendo coisas de amor...
tinha esquecido de comentar essas paixões de muito valor.
Eu era apaixonado demais, imaginava tudo mais além do que era,
essa ferida, hoje, se regenera em forma de casca,
me faz parecer um forte patriarca
e despejar nos romances de suspense,
ademais em poesias non-sense.
É, confesso...
nem tudo que eu escrevo é relevante,
mas é brilhante
o sentimento que sinto ao escrever em vão,
talvez não fosse
a carta que, outrora, carregava em plenas mãos.


27/07/2006


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terça-feira, 4 de setembro de 2007

cunho social?

alguém passeia lá longe...



alguém tem fome ali...




o que ambos têm em comum?
só passam...

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

acéfalogolaféca

tudo é espelho...





dentro e fora do mar.