quinta-feira, 13 de setembro de 2007

o outro e eu

como havia dito, coletividade é um dos pensamentos corriqueiros em minha caixola incessante. pois é, andei me deparando com situações intrigantes. eu pensando nisso e coisas sobre isso acontecem. eu disse das idéias no ar, né?. redundante.

resumidamente, pra mim, coletividade é o respeito mútuo das individualidades.


hoje eu estava andando de bicicleta pela ciclovia da lagoa rodrigo de freitas em direção à ipanema. pegar meu violão da revisão. um compromisso que jamais poderia atrasar. no caminho, um rapaz bem aparentado me abordou, pedindo que, por favor, eu pegasse seu cartão do banco que havia caído num canteiro à beira da lagoa. pediu-me que o fizesse já que ele estava de calça e eu de bermuda. moro no rio de janeiro e to bem. e to vivo. isso também porque aprendo todos os dias a me virar com a violência. não sabia o que fazer, se ajudava, ou não. podia ser um daqueles golpes magistrais que ainda não foi parar na minha caixa de e-mails. ainda. não gostaria de ser estatística. logo, inventei. "desculpe, mas estou com pressa". foi uma ação rápida e defensiva. fiquei pensando nisso o resto do dia. na minha ação quase impulsiva. se fui babaca, ou não. e ainda não descobri, pois não sei que fim teve o bem-aparentado-rapaz-suspeito. um anônimonãoautorizado.


ontem. estava apressado para um compromisso. passei pela praça em frente ao meu lar. encontrei um amigo pedindo ajuda. disse que passava por ali e um caso pitoresco ocorreu. uma moça foi jogar uma pedra para que seu cão a buscasse, como um belo companheiro faz. só que a infeliz acertou a cabeça de um rapaz. acho que era um desses que passa parte do dia na praça. de identidade despercebida. e eu?. sugeri que fosse ao boteco para pegar gelo e, caso precisasse, levasse ao hospital miguel couto. mas eu estava apressado. um compromisso seríssimo. inadiável. é. bem. nem tanto. mas vi que já tinham muitos ajudando. e achei que fiz o suficiente em dar a dica. e me fui. um bosta.


situações bestas, talvez. mas bastante maiêuticas. sou um porco individualista?. passo o dia tentando perceber ao meu redor. não pretendo ser gandhi. deus me livre ser jesus cristo. e quando a minha própria percepção me ataca em forma de ação, sou individualista. defensivo. afinal sou produto de uma sociedade assim. e a indago. e a critico. e projeto soluções (,ou não). e sou ela. ora pois. mas ora pois. esse pensamento deveria caber se fosse algo digamos "anti-filantrópico". se fosse um mendigo pedindo ajuda, talvez justificasse minha culpa. mas um almofadinha atrás do cartão de banco?. sentir culpa?. claro. esse é o erro. achar que só se deve ajudar aos teoricamente necessitados. individualidade e coletividade abrangem todo o entorno.


há poucos dias, eu disse a um amigo "perceba mais à sua volta". e só isso. sem explicar. achei que era necessário fazê-lo. ele é uma boa pessoa. inteligente (de verdade). mas acho que tem pouca sabedoria. percebe pouco o que o circula. e eu?. nossa. o dono da verdade.


só fiquei mais tranquilo, porque descobri que karl marx, o criador do socialismo científico - a quem tenho certa admiração pelo que fez-, era, sobretudo, um homem do seu tempo, com nada mais que boa percepção de mundo e inteligência. (sem ironias). mas espancava a sua mulher...



obrigado sócrates e marx.
e papai e mamãe.


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Estou hospedado num hotel de luxo
me secando com inúmeras toalhas
te invejando, te culpando,
para livrar-me de meus vícios.
Eu não tenho cura,
não para esse eu de hoje.

Ostentação não tem cura -
sentirei um sentimento apenas e serei salvo.


17/07/2007

5 comentários:

Anônimo disse...

Po, mas você deixou de ajudar o almofada por receio ou egoísmo? Eu teria feito o mesmo, que situação estranha!
Mas é difícil não ser egoísta nesse mundo individualista e competitivo.. E ainda nos sentimos culpados por tudo que somos...

nucci disse...

nesse momento, a gangorra era receio de violencia X coragem filantropica. No caso o receio foi maior. E pra mim devia ser mesmo, afinal a filantropia a ser praticada nao ia ser tão grande assim

acho q egoismo (egoismo em sua forma injusta, afinal é da natureza querer se preservar) é quando a questão alheia é tão ou mais importante* e a gente valoriza mais o próprio

* subjetivo, mas é o mesmo consenso sobre o que é importante que determinará o que é egoísmo

Anônimo disse...

nao vou ler nesse momento
entretanto um beijao...
depois eu volto,,,

Anônimo disse...

nao vou ler nesse momento
entretanto um beijao...
depois eu volto,,,

jhows disse...

quarta passada aconteceu a mesma coisa
eu nem sabia o que o cara queria, na verdade eu nem ouvi direito e já disse que tava com pressa.
egoísmo? nao, no meu caso só foi receio, fui assaltado no mesmo lugar a 1 ano atrás.
e olha que eu nem moro no rio;